Este potreiro não é grande nem pequeno
É no terreno debaixo de uma figueira
E a tropa inteira pasta tranquila no campo
Vai se entretendo o piá na brincadeira
Ela é de osso mas para o piá tem vida
Inventa a lida, carneada e marcação
O mata burro as vezes deixa algum quebrado
E o boi carneado é fartura pro galpão
Mundo gigante de um pequeno piá
Que ao brincar viaja na imaginação
Conta os dias pra chegar outra carneada
Juntar a ossada e aumentar sua criação
Uma figueira brotando é sombra pro gado
E a poça d’água é o açude da estância
E nunca falta num palanque encilhado
Um pingo atado para encurtar as distâncias
Graveto seco é o esteio da porteira
E um basto antigo é o galpão pra peonada
O doze braças, laço forte do piá
É um tento bruto de uma lonca desquinada
A brincadeira é o espelho da sua vida
O pai na lida desempenha sua função
E o piazito que sonha ser peão campeiro
Vai repontando a tropa da imaginação